Crítica

Quem quer ser um Milionário?

Por Lara Mateus

“Quem quer ser um milionário?” é o típico filme que causa no espectador um turbilhão de emoções, por vezes, inclusive, contraditórias. Ao acompanhar a vida do jovem Jamal Malik, o espectador é apresentado a realidade de uma Índia nada glamorosa, como a retratada por Glória Perez em “Caminho das Índias”. A Índia de Jamal tem fome, luta para sobreviver a cada dia, convive com disputas religiosas, não tem saneamento básico, nem condições para uma educação de qualidade. Ao mostrar essa Índia, no entanto, Danny Boyle não o faz de maneira derrotista ou piegas. Os personagens de “Quem quer ser um milionário?” passam por dificuldades e provações mil mas, ainda sim, encaram seu destino. E Jamal é a representação máxima disso, pois além de encarar de frente as diversas peças que o destino lhe prega, mantem a esperança e faz o que pode para alcançar o que deseja: encontrar Latika, seu amor de infância.

Outro ponto crucial do filme é a discussão em torno da pergunta: ele trapaceou ou não no programa para chegar à pergunta final? Para o dono do programa, Jamal chegar ao final era inadimissível, pois pessoas formadas sequer haviam chegado a metade; então, como ele ex-morador de favela, que mal estudou e que servia chá aos trabalhadores de um call Center poderia chegar a pergunta final e, quem sabe, ganhar? E é neste aspecto que o longa mais contribui, mostrando que nenhum tipo de conhecimento é superior: Jamal sabia as repostas pois sua vida, de uma forma ou de outra, o ensinara.

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