Editorial

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O Bonequinhas de Luxo pretende “falar sobre cinema”. Seja qual for o formato ou meio. Sem privilegiar o cinema blockbuster ou o Cult. A proposta é que qualquer um possa contribuir com o nosso blog.
O nome surgiu a partir do filme "Bonequinha de Luxo" (título original: "Breakfast at Tiffany's"), adaptação de um livro de Truman Capote, também conhecido por seu romance de não-ficção "A Sangue Frio".
Carolina Pádua, Iasmine Pereira, Lara Mateus e Priscilla Prestes pensaram na melhor forma de trabalhar o tema sem cair na mesmice de só “levantar a bandeira” de apenas um dos lados. Na verdade a proposta é que qualquer pessoa possa contribuir com seus trabalhos, pesquisas, críticas, resenhas, etc...
É um blog que vai além das segmentações que existem hoje na internet e dá espaço a todas as produções e temas do mundo cinematográfico. Todas as produções cinematográficas serão trabalhadas com igual respeito, o que vai permitir ao freqüentador do blog ter um panorama geral e formar a sua própria opinião não só sobre as obras, mas sobre tudo o que circula neste ambiente audiovisual. Além disso, com a disponibilização de curtas feitos por universitários e da diversificação de conteúdos, estaremos diversificando os olhares presentes no blog e divulgando os trabalhos.
Para enviar sua contribuição basta enviar um e-mail para: blogbonequinhasdeluxo@gmail.com

Sinopse

Bonequinha de Luxo

Título Original: Breakfast at Tiffany's
Gênero: Drama / Comédia
Tempo de Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1961
Direção: Blake Edwards
Roteiro: George Axelrod, baseado em livro de Truman Capote
Direção de Arte: Roland Anderson e Hal Pereira
Protagonista: Audrey Hepburn (Holly Golightly)

Uma garota de programa nova-iorquinha sonha em achar um homem milionário, para tornar-se seu marido. Em meio a sua inocência, ambição e futilidade, sempre toma seus cafés da manhã em frente a uma joalheria chamada Tiffany´s. Porém, ela acaba se apaixonando por seu recente vizinho, escritor e que é bancado por uma amante. Mesmo apaixonada, Holly luta contra seus sentimentos porque ele contraria seus objetivos de tornar-se rica. Vencedor de dois Oscars: Melhor Trilha Sonora - Comédia/Drama e Melhor Canção Original ("Moon River").


Bonequinha de Luxo

Trailer do filme "Bonequinha de Luxo"

Crítica

Bonequinha de Luxo
(Breakfast at Tiffany's, 1961)

Por Rodrigo Cunha
07/06/2006

"Um romance urbano contado de forma mágica, cheio de delicadeza e sentimentalismo"

Audrey Hepburn e Truman Capote são dois nomes que poderiam ser considerados simétricos. O charme e delicadeza de uma, confrontada com o modernismo e a realidade crua e cheia de adjetivos do outro indicava que uma combinação desses dois nomes era algo simplesmente impossível de se acontecer no cinema. Eis que, em 1961, o diretor Blake Edwards conseguiu a proeza de adaptar uma história do ousado escritor de personagens complexos e de morais duvidosas com a delicada Hepburn como protagonista de uma obra cinematográfica. O resultado é pesado, bonito e delicado.

A história gira em torno de Holly Golightly (Hepburn), uma jovem e linda mulher de Nova York que está decidida a mudar de vida casando com um milionário – sua inocência ao tomar os cafés da manhã em frente à clássica loja Tiffany’s quase se confunde com a futilidade das mulheres caçadoras de dinheiro. Só que sua vida muda quando ela conhece ‘Fred’ (George Peppard), um escritor frustrado que vive sustentado pela amante, colocando os próprios conceitos de Holly contra ela mesma ao se relacionarem de forma mais intensa.

Um dos grandes méritos de Edwards é conseguir fazer um romance urbano de maneira tão clássica e bela. Por vários momentos, dada a construção do luxo imaginário da personagem, temos uma linda direção de arte que se confunde com a fumaça da realidade de Nova York, fotografando de forma diferente a cidade. Mas não espere ver uma história grandiosa, cheia de cifras; tudo em Bonequinha de Luxo é muito real o suficiente para convencer não como uma fábula, mas sim como um drama verdadeiro de uma pessoa que apenas quer vencer na vida. Só que, graças à delicadeza como tudo é contado, temos um resultado final extremamente interessante e contrastante.

É óbvio que Holly é uma garota de programa, mas pelo olhar ingênuo que Hepburn concede à personagem ela torna-se extremamente dócil e sonhadora. Nunca vemos com maldade o que ela quer fazer, pelo contrário, simpatizamo-nos imediatamente com seu jeitinho e com seus sonhos. Ela está deslumbrante e simplesmente apaixonante no filme, mesmo que raramente apareça muito produzida – Hepburn é simplesmente fantástica por natureza e consegue carregar nas costas o fardo de um papel mais pesado como esses de maneira extremamente graciosa (claro que deram uma amaciada na personagem, afinal, estamos falando de Trumam Capote; por exemplo, a bissexualidade de Holly foi deixada de lado).

Há defeitos, claro: o oriental reclamão vizinho de Holly (interpretado pelo excepcional Mickey Rooney) é desnecessário o suficiente para aparecer tantas vezes em tela (serve apenas para impulsionar uma ação que move o final do filme, nada mais), dando um tom cômico desnecessário à trama (e nem tão engraçado assim). Mas quando cenas como a canção na janela, a despedida do Doc e o final na chuva ficam martelando em nossa cabeça, temos a certeza de que fomos presenteados com momentos fortes o suficiente para tornar a obra inesquecível.

Assim como grandes filmes dos anos 60 / 70 (como, por exemplo, Perdidos na Noite), Bonequinha de Luxo mostra a luta de pessoas comuns que querem vencer na vida de qualquer maneira. Só que somando uma encantadora Audrey Hepburn com uma forma charmosa diferente de filmar um drama urbano do gênero, o resultado torna-se bastante curioso. Vale uma conferida, sendo fã dos grandes romances do cinema ou apenas um estudioso de plantão. Tem classe, charme e beleza suficientes para agradar a qualquer um.